Marcos Lisboa debate estratégias para lidar com a volatilidade econômica nos Estados 30/01/2025 - 18:40
Inovação e resiliência para lidar com a volatilidade da economia brasileira são chave para o crescimento de Estados e empresas, conforme destacou o professor e economista Marcos Lisboa em sua apresentação no 2° Fórum de Conjuntura Macrofiscal, realizado nesta quinta-feira (30). E, nesse ponto, o Paraná é destaque.
O ex-presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda participou do evento organizado pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e apontou os desafios e oportunidades diante do cenários econômicos e fiscal do país, dando destaque sobretudo às formas com que Estados como o Paraná souberam lidar com a realidade volátil ao longo das últimas décadas.
“Os estados do Sul investiram pesado em inovação, com pólos de desenvolvimento muito bem sucedidos e que ajudam a dar mais estabilidade nos momentos em que o Brasil não está tão bom”, explica Lisboa. “Acima de tudo, é preciso de uma boa gestão e investimentos para lidar com essa gangorra. É saber copiar os bons exemplos de políticas públicas e corrigir os fracassos”.
Para o especialista, é preciso reconhecer que o país vive essa constante repetição de bonanças e crises e que, por isso mesmo, tanto o setor privado quanto o público devem se adequar para prosperar. Assim, a combinação de resiliência e inovação se torna um caminho bastante poderoso para romper com esse ciclo.
O secretário da Fazenda do Paraná, Norberto Ortigara, reforça essa necessidade de estar sempre preparado e cita a própria Reforma Tributária como um exemplo de momento-chave para o Estado consolidar sua estabilidade. “Esse é um momento muito importante e delicado para o Brasil, mas temos que compreender e aproveitar todas as oportunidades que se desenham diante de nós”, diz. “É sobre proteger nossos interesses para o futuro”.
PARANÁ RESILIENTE – Esse bom momento paranaense aparece em números. O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado cresceu 8,9% entre 2019 e 2023, segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — número superior aos 7,8% registrados pelo Brasil no mesmo período.
Só que, para o diretor-geral da Sefa, Luiz Paulo Budal, essa evolução é ainda mais perceptível na prática, no dia a dia do paranaense. “Há cerca de uma década, tínhamos um Estado quebrado em que o policial tinha que empurrar a viatura para atender uma ocorrência”, relembra. “Hoje, a situação é diametralmente oposta, com o Paraná sendo destaque nacional graças ao seu sucesso”.
Para isso, porém, foi preciso fazer alguns ajustes para colocar a economia no rumo certo. Budal relembra o Decreto Nº 5.919 que estabelece um limite para o acréscimo anual para os “gastos do dia a dia” do serviço público — um exemplo prático de boa medida que, como aponta Marcos Lisboa, ajuda a tornar o Estado mais eficiente.
NOVOS DESAFIOS – E, como a volatilidade é justamente uma característica cíclica da economia brasileira, alguns novos desafios já se apresentam no horizonte. O assessor econômico da Secretaria da Fazenda, Juliano Farias, aponta alguns pontos de preocupação para o Paraná em 2025 tanto no cenário nacional quanto internacional.
Segundo ele, o ano já começa marcado pelas incertezas em torno do comércio global, sobretudo por causa das dúvidas que pairam sobre as políticas econômicas dos Estados Unidos. E, por essa razão, a estabilidade construída pelo Paraná nos últimos anos vai ser fundamental. “Esse capital que o Governo do Estado tem desempenhado vai aumentar ainda mais a resiliência do Paraná para enfrentar os desafios emergentes”, afirma. “Por isso mesmo, projetamos que o Estado deve performar melhor que o Brasil mais uma vez, mesmo que estejamos atentos a eventos alheios extraordinários”.
PARTICIPAÇÕES – Além do secretário Norberto Ortigara e do diretor-geral Luiz Paulo Budal, participaram também do evento o diretor-geral da Casa Civil, Maiquel Zimann, e diretores das pastas da Sefa, além de representantes de diversos órgãos e federações do Estado.
O 2° Fórum de Conjuntura Macrofiscal do Paraná foi organizado pela Sefa em parceria com a Escola Fazendária do Paraná (EFAZ), a Diretoria do Tesouro Estadual (DTE) e a Assessoria Técnica Econômica. A iniciativa faz parte de uma série de palestras trimestrais que a pasta organiza para aprofundar os debates sobre gestão fiscal e financeira entre agentes estratégicos do Governo do Estado.