O cenário de incerteza global e os desafios regionais marcam a nova edição do Economia em Dia, boletim elaborado pela Assessoria Técnica de Economia da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa). Assinado pelos assessores Mateus Ramalho Ribeiro da Fonseca, Eduardo Fernandes Paim Filho, Juliano Farias dos Santos e Luana Carla Falcão Rebouças, o boletim, que agora passa a ser bimestral, traz uma análise detalhada sobre os rumos da economia em 2025.

O destaque desta edição são os desafios internos e externos que impactam diretamente a política monetária, o comércio internacional, a atividade econômica e a política fiscal do Brasil. Nesse contexto, como a quarta maior economia do país, o Paraná enfrenta um contexto único de oportunidades e incertezas, exigindo um planejamento estratégico sólido, baseado em controle de gastos, eficiência na arrecadação e estímulo ao crescimento.

Apesar dessas dúvidas no comércio exterior, principalmente por causa do chamado “fator Trump”, a economia do Paraná se mostra resiliente e vem mantendo um desempenho acima da média nacional. Desde 2008, o estado registrou crescimento superior ao do Brasil em diversos momentos, impulsionado especialmente pelo agronegócio e pela indústria. “A resiliência do mercado de trabalho paranaense – caracterizado pelo seu nível de formalidade, com 82% dos empregos do setor privado com carteira assinada – será uma das sustentações da atividade econômica estadual em 2025”, destacam os assessores.

Esse olhar para a resiliência e a importância da inovação para fazer frente a um cenário de muitas interrogações também se faz presente na nova edição do Economia em Dia, ecoando a apresentação feita pelo professor e economista Marcos Lisboa no 2° Fórum de Conjuntura Macrofiscal, realizada pela Sefa em janeiro. 

Outro fator que contribui para a solidez da economia paranaense é o mercado de trabalho, que encerrou 2024 com a menor taxa de desemprego em uma década, atingindo 4%. O número de pessoas ocupadas no estado chegou a 6 milhões, um recorde histórico, e a renda média do trabalhador atingiu R$ 3.565, um dos patamares mais elevados já registrados. Esse cenário favoreceu o consumo e estimulou setores como comércio e construção civil, que também apresentaram resultados positivos no último ano. 

FATOR TRUMP – No entanto, apesar da resiliência econômica do Paraná, os desafios fiscais do Brasil continuam sendo um fator de atenção para o crescimento sustentável. A nova gestão de Donald Trump nos EUA adotou uma política protecionista, impondo tarifas a países como México, Canadá e China. Isso cria riscos e oportunidades para o Brasil e o Paraná. 

“Apesar do início de uma postura mais agressiva dos americanos no comércio internacional, as perspectivas para o Paraná são positivas, já que se espera um aumento da produção agrícola em 2025, tendo a China como seu principal destino, e embora uma eventual taxação americana prejudicasse as exportações paranaenses e brasileiras, o impacto para o Paraná seria reduzido devido à composição de sua pauta exportadora”, comentam os assessores.

Dessa maneira, a condução da política fiscal no ano deve seguir uma linha contracionista, com o governo buscando equilibrar a necessidade de consolidação das contas públicas sem comprometer o crescimento econômico. Caso os Estados Unidos endureçam sua política monetária, elevando os juros por mais tempo, o Brasil pode enfrentar dificuldades no financiamento da dívida e na atração de investimentos estrangeiros. 

No entanto, há pontos positivos no horizonte. A recuperação do agronegócio, o dinamismo do setor industrial e a solidez do mercado de trabalho no Paraná indicam que o estado tem capacidade para continuar crescendo acima da média nacional. Além disso, investimentos em infraestrutura e logística, tendem a fortalecer a competitividade paranaense no mercado global, reduzindo custos e tornando suas exportações ainda mais atrativas. O ano de 2025 será, portanto, um período de desafios e oportunidades.